terça-feira, 26 de março de 2013

Um rápido olhar pelo serviço público.


Conforme o título, não apresento dados estatísticos nem matérias veiculadas pela imprensa. Encontrei dificuldade em divulgar com os leitores algum veículo que nos garantisse o mínimo de credibilidade, mas já to cansado com políticos ganhando eleições por boca de urna e nem sequer chegando ao segundo turno...
Voltarei ao foco da postagem antes que me perca pelos empreendimentos imobiliários espalhados pelas muitas esquinas de Belém.

O serviço público é constantemente alvo de críticas não pela atividade fim em si, mas pelo modo como os funcionários conduzem o mister. Evidente, que temos milhões de fatores a elencar sobre o funcionalismo público, bom ou ruim, mas quero apenas propor uma visão crítica.

Alguns órgãos têm passado por reformas grandiosas e se observa cadeiras novas, poltronas acolchoadas, paredes pintadas, portas novas, como sinal da modernização e preocupação com o atendimento ao público.

Por trás da mesa, por sua vez, encontra-se um sistema burocrático emburrecedor e defasado, que, cinicamente, esconde-se na lerdeza de um computador e na ineficiência de um servidor mal preparado. Faça o que o sistema manda: questione, dificulte, negue, protele, protele, proteja-se! O cidadão vem atacá-lo!

Em outro panorama, temos pessoas dedicadas ao melhor empenho em seus trabalhos, em atender os cidadãos a dignidade que merecemos. Entretanto, nunca é suficiente... Falta segurança, falta papel, falta seringa, falta algodão, falta professor, falta salário, falta aluno, falta seriedade, falta lápis, desvia merenda, falta verba, desvia futuro, falta VERGONHA!

sábado, 16 de março de 2013

O carroceiro e a carruagem

Por entre prédios suntosos com designs futurísticos e carros moderníssimos, com desenho japonês, holandês, coreano, marciano, trafega no turbilhão de informações uma figura pacata, que recebe ordens e buzinas sem entender o que gira ao seu redor: o puxador de carroças.

Pode ser o João, o José, o Uashigtón, o Disnei, o Pé de Pano, o Manchado... tanto faz, em menos de dois minutos ele não mais existirá em nossa visão, mas ficará - eventualmente - relinchando em alguma fila de ideias de nosso subconsciente. Enquanto aquela dupla, acostumada a se alimentar de sobras, levará a sobrevivência para a família, chegando ao fim do dia com o sentimento de dever cumprido. 

Animais de carga, como os burros, um meio de transporte popular do nordeste para o Brasil: marca da prociação e das famílias com grandes árvores genealógicas. Ou seja, para que a família possa manter-se minimamente viva, quanto mais animais de carga, mais chances de sucesso.

Quanto mais chicotada, mais incentivo! Quanto mais fome, mais vontade de trabalhar! Quanto mais carga, mais estafa! Quanto mais cansaço, mais chicotada! Quanto mais fome, mais trabalho! Quanto mais dor, mais esperança! Quanto mais caminhar, mais cansaço... Quanto mais sofrer, mais chicotada... Quanto mais chicotada, menos dor... Quanto menos dor, mais esperança... Quanto menos cansaço, enfim felicidade. E foi o último suspiro do puxador.

Logo, logo vem outro, não nos preocupemos, a família é grande! E a cidade pouco distingue os olhares cansados, de submissão, de incoformismo de um ou outro cavalo, de um ou outro ser humano.


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Até aqui, minha ideia inicial para começar as críticas. Ultimamente tem-se falado bastante sobre direito dos animais, ou direitos humanos para além dos humanos, o que deve ser defendido e estudado! Mas não devemos esquecer que é uma matéria de vanguarda, merecedora de atenção e de cuidados. Digo isto porque antes de defender os animais não humanos, os cuidados ao Homem são primordiais. 

Saúde, educação, saneamento básico ainda são precários nesse país. Não se pode legitimar a defesa de animais de estimação se não há quem os defenda. Em outras palavras, não se protege outra espécie sem antes zelarmos pela igualdade material dos cidadãos, sem antes evitarmos que crianças e velhos morram por diarréia em face da inércia do serviço público!

Um dia chegaremos lá, e pelo menos já estamos debatendo sobre o tema. O puxador de carroça, enfim, não é só o cavalo, pois ali há um trabalhador, um ser humano marginalizado, alguém em busca de cidadania. Dar ao cavalo e esquecer o homem não condiz com igualdade, nem com fraternidade. 

Em outras palavras: o Alazão terá seu valor reconhecido por cidadãos, então tornemos os puxadores em homens conscientes. 

Tirar seu animal sem garantir alternativas é, no mínimo, insensato. E há maneiras viáveis e paulatinas de tirar o puxador das ruas... Qual deles primeiro?