sábado, 19 de outubro de 2013

Treinamento diário: respiração.

No último final de semana de setembro tive a oportunidade de participar do curso de Karatê-Do da linhagem do mestre Asai com o Shihan Kousaku Yokota, ocasião em que aprendemos bastante sobre modalidades de treino, estilos variados de kata, além do intercâmbio cultural sempre enriquecedor.

O treino não termina no tatame, ou no dojo. Tal como o ensino de sala de aula, o aprendizado deve ser perseguido e aplicado cotidianamente, nos diversos âmbitos de nossa vivência. Sendo assim, divulgo aqui um dos textos (já em português, conforme publicação original em seu blog) do Mestre Kousaku Yokota, sobre respiração. 

Importante frisar que o treinamento respiratório não se restringe à prática do karatê-do, podendo ser utilizado por todos, praticantes de lutas ou não, como poderemos constatar no texto a seguir. Aproveitem!

Exercício de respiração

Todos nós sabemos que a respiração é importante, mas poucos senseis ensinam como exercitar ou controlar a respiração.
Existem muitos exercícios, mas hoje eu vou lhe dar um simples que vai melhorar a sua respiração.
Primeiro: quantas vezes você respira em um minuto? De acordo com a Wikipédia, um adulto respira em média de 12 a 18 vezes por minuto. Se você é um atleta ou um faixa preta de karate, provavelmente você respira menos do que isso.
Zen meditation 1A dica é que é melhor respirar menos, o que significa que você vai ter uma respiração mais longa no processo. Uma respiração rápida e curta não é um sinal de boa saúde. Você já viu pessoas doentes e pessoas obesas realizando esse tipo de respiração. A meditação zen trabalha com respiração lenta, e ela serve para melhorar a saúde tanto mental quanto física. Se você tem ido a aulas de meditação zen ou de yoga, eu tenho certeza de que você aprendeu como ter uma respiração mais lenta e mais longa. Aqui você não precisa praticar a parte da meditação. Você se senta à vontade numa cadeira ou no chão.
Então, confira quantas vezes você respira normalmente. Aí você descobre que respira dez vezes ou algum outro número de vezes. A sua contagem será muito alta a não ser que seja menos que duas vezes. Em outras palavras, eu estou propondo que você respire duas vezes por minuto, o que significa 30 segundos para cada ciclo de respiração. Pode ser difícil, mas tente igualar o tempo para inspiração e expiração. Assim, você precisa inspirar usando 15 segundos. Gastar mais tempo inspirando é mais difícil do que expirar lentamente. Depois de expirar completamente, você tende a aspirar o ar imediatamente em vez de respirar de forma lenta, porém constante. Bem, é exatamente nisso que consiste o exercício e o treinamento para aprender a ter esse controle com a sua respiração.
Se duas vezes por minuto é um desafio muito grande, comece com quatro vezes. Você vai levar cerca de 15 segundos para um ciclo de respiração, no qual você vai gastar entre 7 e 8 segundos para inspirar e também para expirar. Quando você se tornar confortável mantendo essa respiração em intervalos de uma hora ou mais, então você estará pronto para reduzir para três vezes por minuto, e finalmente para duas vezes.
Esse é o objetivo final? Não, o objetivo seria uma vez ou menos. O meu intervalo médio de respiração é cerca de duas vezes por minuto agora, e quando eu exercito a respiração eu tento reduzir para uma vez, o que significa 30 segundos para inspirar e 30 segundos para expirar. Eu também passo um período de cerca de cinco segundos prendendo o fôlego depois de completar tanto a inspiração quanto a expiração. Mais uma vez, prender a respiração quando seus pulmões estão cheios é mais fácil do que quando eles estão vazios. Depois de prender o fôlego por cinco segundos com os pulmões vazios, fica mais difícil manter o ritmo da respiração lento e constante.
Breathing 2Experimente este exercício simples e veja se você pode prolongar o seu ciclo respiratório. Um dos exercícios que você pode praticar enquanto estiver dirigindo é este exercício de respiração. Ele vai mantê-lo relaxado e você vai ficar menos cansado de dirigir se praticar a respiração lenta. Se você gosta de ler livros, então este exercício é perfeito para acompanhar as suas leituras. Você vai apreciar a leitura e os seus olhos não vão cansar tão rápido quanto antes. Se também você trabalha na frente de um computador por um longo período, este exercício vai ajudá-lo a manter sua concentração. Os benefícios são quase ilimitados e uma coisa maravilhosa sobre o exercício respiratório e que você pode praticá-lo quase a qualquer momento e em qualquer lugar. Depois de acostumar-se a esse exercício na sua vida diária, você pode facilmente acrescentá-lo ao seu treinamento de karate.
Depois do exercício, conte-me se você se sentiu melhor ou se melhorou o seu treinamento de karate. É claro, treinar isto um dia apenas não vai provocar nenhum impacto visível, mas eu tenho certeza de que você pode sentir que este exercício fará você sentir-se melhor.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Conheces Curuá?

Recebi via e-mail um informativo sobre o concurso público para a Prefeitura de Curuá/PA, um município que de acordo com o wikipedia possui cerca de 10.053 habitantes, localizado no baixo Amazonas, próximo a Santarém. Não obtive maiores informações sobre o município, apenas esta imagem parcial da cidade disponibilizada no site da prefeitura:


Entretanto, após uma rápida lida pelo edital - organizado pela FADESP -, encarei o certame como uma ofensa ao invés de uma proposta de emprego fixo, seguro, bem remunerado...

Primeiramente, em momento algum irei desqualificar qualquer profissão, nem os níveis de escolaridade. Todos os cidadãos tem direito aos cargos e salários (deveriam ainda ser maiores) propostos pela Prefeitura e todos são dignos. Indigno e vergonhoso é traficar drogas, explorar o trabalho escravo, prostituir crianças, assaltar e matar.

Em seguida, verifiquei e divido por aqui os salários base para algumas profissões e seus níveis de escolaridade:

"- I-Cargo de Professores (Médio e Superior):
Professor Nível Médio R$= 783,50 + gratificações 
Professor Nível Superior Licenciado Pleno R$ = 783,50 + gratificação de nível superior e outras gratificações;
- II-Cargo de Nível Superior:
Fisioterapeuta R$= 3.000,00
Médico Clínico Geral R$= 6.000,00 + gratificações
Técnico em Educação R$= 1.200,00 + gratificações 
- II- Cargos de Nível Alfabetizado
Vigia R$= 678,00
- III-Cargo de Nivél Fundamental e Nível Médio
Recepcionista R$= 800,00        
(...)"

Ora, um [BOM] profissional de ensino superior empregou em sua vida tempo para estudar, para estagiar, para ler livros, apostilas, para pesquisar sobre diversos assuntos e, finalmente, escrever um Trabalho para concluir o curso. Depois dessa graduação pode até ter se aperfeiçoado em alguma especialização. E nada disso é dado gratuitamente aos profissionais, outrora estudantes. Tudo é obtido com esforço, dedicação, zelo pelo bem comum, estudo e sacrifícios. O trajeto é básico para todos... Por que então o salário dos PROFESSORES é um dos menores?

As remunerações não devem diminuir para nenhum cargo. Ponto. Devem sim aumentar. 

Qual o estímulo que o Estado oferece para um profissional com salários como esse? Quiça haja o pagamento em dia... Observe-se que o Professor é profissional de ensino superior tanto quanto um médico, um engenheiro, um dentista... E de fundamental importância coletiva quanto um gari, um entregador, um caixa, um motorista de máquinas pesadas, um eletricista... 

Outra questão: desvaloriza-se o profissional para colocá-lo em locais inadequados de trabalho e exigir metas, relatórios, números mágicos e enganadores. Profissional esse que vai formar dignamente as pessoas que irão exercer os demais cargos: motorista, recepcionista, serviços gerais, enfim, todos os empregos justos e salutares para nossa convivência em sociedade.

A (des)vantagem de Curuá é não estar solitário nesse cenário tão Brasil.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Depende de ti.

Pimenta: no dos outros é refresco; no salgado é uma delícia; e vira arma pra polícia.
Jogador de futebol é rei; Professor é assaltado. Presidente é Presidenta. Palhaço vira político. Povo vira palhaço.
Lar virou prisão; Cadeia virou escola. Menor virou adulto; pro bandido não tem hora.
O preto tá sumindo; o preconceito aparecendo. O branco é do Papa e com ele são mais mil.
Os preços estão salgados e a pimenta tá na rua, tá na cara do Brasil.

terça-feira, 18 de junho de 2013

O Gigante acordou.

Cerca de 200 mil pessoas protestaram ontem, 17.06.13, no mesmo momento por todo o Brasil, de forma mais velada ou exaltada. Sem contar as manifestações de apoio ao redor do mundo, o que gerou, inclusive, destaque na mídia internacional. Algumas considerações.

Nunca mais havíamos observado uma união de tantas pessoas com interesses distintos, origens diversas, nas ruas protestando por... BRT, Saúde, Educação, escola, facebook, passe livre, meios de transporte, contra a corrupção, abaixo a mídia golpista, Fora Jader, Força Lúcio Flavio, inflação, gramado dos estádios, fora Copa, mais investimentos, aumento do salário mínimo, direito das minorias, belo monte, índios, respeito, homossexuais, mais feriados, vagas na universidade, ENEM, aposentadoria, transparência.... ufa! 

Protestando, enfim, por um único motivo, não aguentamos mais!!

Não caia no cinismo de uma geração acomodada com as atrocidades que cometem contra o seu salário, contra a sua dignidade e fique de braços cruzados dizendo que isso não dá em nada. Continue sentado na sua poltrona, na sua lan house escrevendo que a população é 'ingnorante' e que nossa única arma é o voto aos bons políticos, e espere a mudança cair do céu

Primeiro: muita gente se mobilizou por uma causa, e fez isso em paz. Já mudamos alguma coisa. Minimamente, ensinamos a polícia que deve agir com humanidade e respeito aos cidadãos. Mostramos que O governo deve se preocupar com o seu povo. Chamamos a atenção de segmentos sociais ainda sem ideia do que está acontecendo.

Com relação a isso, não justifique seu comodismo com palavras de desestímulo. Só para citar como exemplo, fala-se por aí [pejorativamente] que as manifestações são de classe média. E daí??? A Revolução Francesa foi engendrada por quem? A independência do Brasil foi empreendida por quem? Pro zé ninguém, aqui em baixo, as leis são diferentes. Que leis? Lembre-se, também, que o povão ainda é a maior manobra eleitoreira desses senhores feudais. E pra isso temos o impeachment.

Ou seja, a luta não é classista, não é partidária. É nacional! Do empresário ao sertanejo nordestino. Do morador da metrópole aos índios.

Por favor, não se enganem com o comodismo e com as bebidinhas caras que vocês pagam em bailes de máscaras.

Os números e a realidade estão aí para nos mostrar quem está pagando caro e quem recebe tiros de verdade todos os dias: não é a polícia que bate em alguns jovens, o governo vem fazendo isso no seu bolso, na sua tranquilidade há muito tempo. E vem rindo, de barriga cheia e cabeça pesada. Entretanto, os velhos de Brasília não podem ser eternos.

Em Belém, cerca de 13 mil pessoas foram às ruas, contando com a participação de jovens, crianças, adultos e idosos. Foi uma passeata exemplar! Sem confusão, com respeito às diversidades, ao patrimônio público e à organização do evento. A Polícia Militar, e todos os agentes estatais envolvidos ali também merecem aplausos de pé da nação inteira, por terem conduzido a passeata no melhor entendimento de democracia e paz. Claro que tem aqueles imperceptíveis que se exaltaram, mas a polícia atuou rapidamente e sem confusão, permitindo a fluidez da caminhada.

Aliás, a primeira delas! Vamos nos fazer ouvir! Vamos para a rua! Estamos tendo a chance de nos afirmar, de arrasar! 

O Gigante acordou, SIM! Mas não no sentido de entender o que está acontecendo, o Brasil já estava acordado, mas acuado. 

Chamamos a atenção do Brasil! Fizemos barulho! E o gigante acordou... 

Agora só falta o Davi levantar da cama!!


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Milhões em ação!

Falta pouco.

O sul já se levantou e a ola já chega até o norte. O Brasil vem se levantando de forma amistosa, ansiosa e temerosa, com ar preso nos pulmões para gritar GOOOOOOOOLL!

Gritos! Berros! Choros! Fortes, como nunca vistos na história do Brasil: temos uma população grandiosa, que recebe benefícios do governo e sofre calada, temos PIB enganando a realidade social, temos teóricos esquecendo de viver a realidade, temos os melhores jogadores de futebol - lá fora -, temos esperança!

Ah, e a beleza natural também é um grande atrativo para investimentos no seto turístico, em que a natureza exótica e os animais exuberantes se destacam aos olhos dos estrangeiros e aos nossos, pois vemos uma manada de elefantes brancos.

Tão logo o frenesi da ola arrepiar os torcedores, sentaremos de ombros caídos - talvez extasiados por uma vitória dessa nação, outrora do futebol - surpresos com o que aconteceu nesse período de Copa. E a ola perderá seu propósito.

Iludam-nos, majestades! Joguem como se a própria Dilma estivesse a lhes chicotear. Enebriem o povo para que se engavetem escândalos políticos e esqueçamos o quanto nosso futebol tem piorado! Em futebol, leia-se: dirigentes que não pagam salário, investimentos fantasmas, torcidas organizadas para o crime...

Quanto maior for o GOOOOOOOOOLLL, mais zeros serão acrescentados ao final dos valores ganhos pelas empreiteiras, pelos bancos, pelas agências, por alguns políticos. Mas que venham bastantes feriados, ingressos-ouro, dias quente, gente de fora, mulatas e, quiçá, aquela taça que todos queremos: bem gelada! 

E o brasileiro vai atestar seu péssimo hábito em gostar de pão velho e circo fajuta. 

Pra frente Brasil!

terça-feira, 7 de maio de 2013

Hoje é dia de torcer! vou ao Hospital

Em postagem anterior fiz menção ao serviço público e à falta de estrutura por que passam alguns órgãos, como os de saúde pública, gerando não só insatisfação de seus usuários como angústia, sofrimento, dor e falta de amparo...

Hoje, no mesmo sentido, tive que procurar um tratamento de saúde no Hospital Adventista de Belém, onde tenho plano de saúde há alguns tantos anos. Fico surpreso e profundamente triste ao perceber que não há evolução nos serviços! Se a privatização ocorre nesse país que seja para servir de exemplo benéfico ao serviço público a ser seguido, e não o contrário!

O Hospital Belém - como costumamos abreviar, penso que para não macular a imagem de nenhuma religião e manter o nível de descaso dessa cidade com seus cidadãos - aumentou a cobertura dos planos de saúde a diversos segmentos, empresas (públicas e privadas), e tentou inovar em pisos de mármore, computadores novos e elevadores... Mas esqueceram o principal: cuidar da vida!!!

Com o aumento da demanda, não se observou entretanto o número de leitos, de consultórios médicos para urgência/emergência, de guichês de atendimentos para marcação de consultas ou na própria urgência. Resultado: filas de espera de no mínimo 1h.

Seria de extremo mal gosto convidá-los a conhecer essa realidade, pois quem está passando mal já sofre bastante naquelas cadeiras acolchoadas. Mas faça um teste: ligue para a marcação de consultas (0800-723 0022 / 3084-8686) e veja quanto tempo irá demorar esse atendimento.

Outro cenário que ocorre rotineiramente, e não há como culpar os profissionais da área, são as filas longas, tempo de espera exagerado para atendimento e aplicação de medicamentos. Já não seria sofrimento bastante uma dor e uma falta de laudo médico adequado, ainda ter que torcer para que tenha um medicamento (daqueles baratos, pois o hospital não disponibiliza os mais caros no pronto-socorro, logo um alérgico a medicamentos, enfrenta um problema ainda maior)...

Absurdo! Diretores enriquecendo! Gente morrendo! Qualidade de vida diminuindo! 

Falo abertamente pois a direção do Hospital e sua ouvidoria (aquele lugar em que eles riem de nossa desgraça) já fechou suas portas de atendimento a mim e a muitos conhecidos. Esse é o primeiro momento de desabafo.

PROCON, ANS, Imprensa local, e quem mais puder ajudar uma população, agitem-se e reclamem! Que País Democrático é esse que veda o acesso à saúde? 

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Pensamentos e emoções guardadas no coração!

A internet ontem me boicotou de publicar o sentimento de saudade e de tristeza compartilhados pela comunidade Paraense, acadêmica e do círculo grandioso de amigos... Ainda assim, fiquei emocionado com tantas palavras bonitas escritas no facebook pelos amigos de nosso grande mestre: Ney Sardinha!

O contato inicial foi no CESUPA, sendo seu aluno de Direito Constitucional, entre puxões de orelhas severos e risadas gostosas, dentro e fora da faculdade. A amizade se intensificou com as conversas durante a musculação, quando descobri algo comum entre seus alunos: a amizade do professor Ney era intergeracional. Nossos pais são seus amigos, e assim seremos! Aliás, em classe era comum escutarmos ele falar com seu sorriso habitual que iria parar de dar aula quando chegassem os netos de seus alunos...  

Como tudo tem sua hora, até a hora de lanchar (sempre fora de sala), de sentar corretamente na cadeira ou de conversar ebriamente, os anjos vieram buscar uma alma bondosa para fazer a revolução nos céus!

Essas palavras fortes, precisas, sem medo de provocar e construir um mundo melhor ao seus netos e aos de seus alunos ficaram marcadas na memória, como motivação de ir em busca de ideais sempre grandiosos, magníficos, como foi o homem que me ensinou isso. Quando ouvi no dia da solenidade o parabéns do Ney pelo discurso (que elaborei com forte influência de seus pensamentos) me senti muito feliz! Mais feliz ainda de ter feito parte da turma que recebeu o seu nome como forma de homenagem. 
Turma Raimundo Ney Sardinha de Oliveira - CESUPA/DI10NA/08
Os abraços, os apertos de mão, os brindes serão eternizados pela saudade. Porque só fica o que é bom, o que nos faz bem. E o professor será sempre relembrado, requisitado, fonte de motivação quando nos depararmos com as dificuldades de nossa política e as atrocidades sem vergonha perpetradas por homens inescrupulosos, corruptos, para que nos tornemos fortes e conscientes com o mundo em que vivemos, à sua semelhança.

Achei interessante transcrever um trecho do filme V de Vingança que retrata as ideias do homem:

"(...) Testemunhei em primeira mão a força das ideias. Vi gente matar em nome delas e morrer defendendo-as. Mas você não pode beijar uma ideia. Não pode tocá-la ou abraçá-la. Ideias não sangram. Ideias não sentem dor. Elas não amam. E não é de uma ideia que eu sinto falta. É de um homem. Um homem que jamais esquecerei.(..)".
Vá em paz! Nossas orações são para nosso conforto e tranquilidade para seus familiares. Continuaremos lutando por aqui!

Noite de solenidade: "Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro" (D. Pedro II).


terça-feira, 26 de março de 2013

Um rápido olhar pelo serviço público.


Conforme o título, não apresento dados estatísticos nem matérias veiculadas pela imprensa. Encontrei dificuldade em divulgar com os leitores algum veículo que nos garantisse o mínimo de credibilidade, mas já to cansado com políticos ganhando eleições por boca de urna e nem sequer chegando ao segundo turno...
Voltarei ao foco da postagem antes que me perca pelos empreendimentos imobiliários espalhados pelas muitas esquinas de Belém.

O serviço público é constantemente alvo de críticas não pela atividade fim em si, mas pelo modo como os funcionários conduzem o mister. Evidente, que temos milhões de fatores a elencar sobre o funcionalismo público, bom ou ruim, mas quero apenas propor uma visão crítica.

Alguns órgãos têm passado por reformas grandiosas e se observa cadeiras novas, poltronas acolchoadas, paredes pintadas, portas novas, como sinal da modernização e preocupação com o atendimento ao público.

Por trás da mesa, por sua vez, encontra-se um sistema burocrático emburrecedor e defasado, que, cinicamente, esconde-se na lerdeza de um computador e na ineficiência de um servidor mal preparado. Faça o que o sistema manda: questione, dificulte, negue, protele, protele, proteja-se! O cidadão vem atacá-lo!

Em outro panorama, temos pessoas dedicadas ao melhor empenho em seus trabalhos, em atender os cidadãos a dignidade que merecemos. Entretanto, nunca é suficiente... Falta segurança, falta papel, falta seringa, falta algodão, falta professor, falta salário, falta aluno, falta seriedade, falta lápis, desvia merenda, falta verba, desvia futuro, falta VERGONHA!

sábado, 16 de março de 2013

O carroceiro e a carruagem

Por entre prédios suntosos com designs futurísticos e carros moderníssimos, com desenho japonês, holandês, coreano, marciano, trafega no turbilhão de informações uma figura pacata, que recebe ordens e buzinas sem entender o que gira ao seu redor: o puxador de carroças.

Pode ser o João, o José, o Uashigtón, o Disnei, o Pé de Pano, o Manchado... tanto faz, em menos de dois minutos ele não mais existirá em nossa visão, mas ficará - eventualmente - relinchando em alguma fila de ideias de nosso subconsciente. Enquanto aquela dupla, acostumada a se alimentar de sobras, levará a sobrevivência para a família, chegando ao fim do dia com o sentimento de dever cumprido. 

Animais de carga, como os burros, um meio de transporte popular do nordeste para o Brasil: marca da prociação e das famílias com grandes árvores genealógicas. Ou seja, para que a família possa manter-se minimamente viva, quanto mais animais de carga, mais chances de sucesso.

Quanto mais chicotada, mais incentivo! Quanto mais fome, mais vontade de trabalhar! Quanto mais carga, mais estafa! Quanto mais cansaço, mais chicotada! Quanto mais fome, mais trabalho! Quanto mais dor, mais esperança! Quanto mais caminhar, mais cansaço... Quanto mais sofrer, mais chicotada... Quanto mais chicotada, menos dor... Quanto menos dor, mais esperança... Quanto menos cansaço, enfim felicidade. E foi o último suspiro do puxador.

Logo, logo vem outro, não nos preocupemos, a família é grande! E a cidade pouco distingue os olhares cansados, de submissão, de incoformismo de um ou outro cavalo, de um ou outro ser humano.


---------------------X-------------------X----------------------X--------------------X-------------------

Até aqui, minha ideia inicial para começar as críticas. Ultimamente tem-se falado bastante sobre direito dos animais, ou direitos humanos para além dos humanos, o que deve ser defendido e estudado! Mas não devemos esquecer que é uma matéria de vanguarda, merecedora de atenção e de cuidados. Digo isto porque antes de defender os animais não humanos, os cuidados ao Homem são primordiais. 

Saúde, educação, saneamento básico ainda são precários nesse país. Não se pode legitimar a defesa de animais de estimação se não há quem os defenda. Em outras palavras, não se protege outra espécie sem antes zelarmos pela igualdade material dos cidadãos, sem antes evitarmos que crianças e velhos morram por diarréia em face da inércia do serviço público!

Um dia chegaremos lá, e pelo menos já estamos debatendo sobre o tema. O puxador de carroça, enfim, não é só o cavalo, pois ali há um trabalhador, um ser humano marginalizado, alguém em busca de cidadania. Dar ao cavalo e esquecer o homem não condiz com igualdade, nem com fraternidade. 

Em outras palavras: o Alazão terá seu valor reconhecido por cidadãos, então tornemos os puxadores em homens conscientes. 

Tirar seu animal sem garantir alternativas é, no mínimo, insensato. E há maneiras viáveis e paulatinas de tirar o puxador das ruas... Qual deles primeiro?

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Noite de Formatura. Discurso solenidade.


Discurso para a solenidade de formatura de Direito, que aconteceu dia 30/01/2013 no Hangar. Momento muito especial em que tive a oportunidade de ser o orador das turmas, a quem agradeço a cada um pela credibilidade e pela inspiração fraterna e sábia:


·         Magnífico Reitor Dr. João Paulo do Valle Mendes, do Centro Universitário do Estado do Pará;
·         Na sua pessoa saúdo todos componentes da mesa.
·         Professor Liandro Faro, paraninfo desta solenidade, na pessoa de quem saúdo todos os mestres aqui presentes.;
·         Senhores convidados especiais;
·         Colaboradores do CESUPA;
·         Colegas graduandos;
·         Familiares aqui presentes;
·         Senhoras e senhores,

Há cinco anos ingressamos na Universidade que nos chamava a trilhar o caminho das pedras. As portas abertas com um “seja bem vindo” sorridente dos funcionários não era suficientemente esclarecedor sobre o que iríamos encontrar, mas um sentimento mútuo nos envolvia e nos empolgava a conhecer as cadeiras do curso de Direito.

Hoje, após esses maravilhosos anos, chegamos aos portões para o sucesso, para o serviço à comunidade, enfim, para a felicidade, que começam a abrir, com um rangido típico de grades pouco utilizadas ou há muito esquecidas. Dessa vez, entretanto, conseguimos enxergar o que há do outro lado.

É um mundo desafiador: mistura brincadeiras infantis com agressões morais; homens continuam sendo maltratados pelos latifundiários em ritmo de trabalho escravo; as mulheres recebem punições físicas por quem deveria lhes garantir proteção e amor; as cidades possuem belíssimas habitações e deterioram qualquer habitat além de suas janelas; textos enormes são compilados na esperança de trazer ordem, e acabam aumentando o caos; as noções de lar e prisões se confundem; o preconceito exclama onipresença e onipotência; os deuses não brigam mais, pois possuem exércitos numerosos para guerrearem em seu nome; os velhos de Brasília debocham da Constituição da República Federativa do Brasil; e o salário óóó... tanto cinza embaçando nossa visão traz reflexões sobre que Azul foi visto por Yuri Gagarin, há, aproximadamente, cinco décadas.

As violências contra o planeta se manifestam pela poluição crescente, não só de dejetos físicos, mas pela pobreza, pela miséria humana e pela indiferença do ser humano às outras formas de vida, seja o seu próximo, os animais ou as plantas. Será que precisamos todo ano de catástrofes naturais para nos lembrar de que marginalizar parte da população trará efeitos danosos à coletividade? Diria Raul Seixas, com seus anos de experiência, que Buliram muito com o planeta / E o planeta como um cachorro eu vejo / Se ele já não aguenta mais as pulgas / Se livra delas num sacolejo.

Nesta desafiante jornada existiram diversos tropeços, pois são inevitáveis em uma longa caminhada.

Em algum momento chegamos até a desacreditar na justiça impávida, sentada majestosamente a nos observar; acomodar-se em um canto era o melhor convite; as provas da faculdade tiraram noites de sono, trouxeram preocupação, levaram muitos cabelos embora; uma nota vermelha piscava como um alerta sobre o papel do estudante e dos professores na academia.

As lágrimas de pesar se tornavam a melhor companhia, como se fossem lavar as angústias e carregá-las para bem longe com a fúria de uma correnteza.

Bons amigos e parentes queridos foram para algum outro lugar e nos deixaram sem seus afagos, apertos de mão, abraços para nos guiar pela melhor rota, seguimos em frente com a certeza de que a felicidade e os ensinamentos dos entes queridos são os maiores faróis a nos guiar mentalmente nas noites mais escuras.

Nesse mesmo tempo, amizades sólidas e verdadeiras foram formadas. Anjos que foram colocados em um só local, para termos uma segunda família, aquela que nós escolhemos, sempre pronta ao apoio mútuo, à solidariedade com o próximo e dispostos a uma xícara de café para intensificar os estudos ou um brinde ébrio para rir frouxamente.

Meu caro amigo, encantaria Chico Buarque, “eu não pretendo provocar / Nem atiçar suas saudades / Mas acontece que não posso me furtar / A lhe contar as novidades” (Chico Buarque – meu caro amigo)

Aqueles portões enferrujados começam a se estreitar para nossa passagem. Mas continuamos encarando-o com o olhar curioso de uma criança, a força de um jovem, e a sabedoria de nossos mestres! Se precisamos de mais coragem, façamos um pouco mais de retrospectiva ao que nos trouxe aqui...

As olheiras das noites de estudo foram recompensadas com um saber privilegiado; o caminhar foi abençoado pela mão amiga que nos carregava ou empurrava para frente; conhecemos pessoas únicas, que não sairão de nossa mente jamais; vimos que existe amor manifestando-se de diversas maneiras nos locais mais imprevisíveis; criamos a percepção de que a miséria pode ser combatida com simples atos; ganhamos um sorriso de quem necessitava de um atendimento, de uma conversa esclarecedora.

Como é bom estudar Direito, esta frondosa árvore, de imensas galharia, cujos intrincados ramos formam as variadas classificações das disciplinas da matéria jurídica exigindo, assim, o maior cuidado para destrinçar-se separadamente os galhos do copado vegetal. À sua sombra amiga se abrigam os indivíduos, povos, e nações de consciência jurídica, confiantes do agasalho e segurança que lhes proporciona a grande árvore do Direito!

A Justiça por sua vez, não significa só a conformidade com o Direito positivado, porquanto este é obra do homem, ao passo que a justiça é virtude, não escrita, mas sentida, inata, independente dos códigos.

Carregamos conosco a responsabilidade por um meio ambiente sadio, que exclui a visão típica da Guerra Fria em que só pode haver um vencedor: bom ou mau, e passamos a adotar em Políticas Públicas e nos atos civis de cidadãos de bem uma realidade economicamente viável, socialmente justa e ecologicamente equilibrada.

Lembremos de efetivar a justiça às nossas crianças, e de trazer dignidade aos idosos. Trabalhemos incansavelmente para que as gerações futuras gozem da felicidade e das benesses que nos foi proporcionada.

Utilizemos com sabedoria suprema os avanços na área da tecnologia, com o uso da informática e dos processos eletrônicos, com o intuito de agilizar o andamento processual, satisfazendo os anseios sociais... e não como forma de transformar uma pasta física em algo virtual para esconder mais fácil em uma pasta em algum disco rígido que será corroído pelos vírus da burocracia e da inércia humana.

Enalteçamos os julgamentos sérios a todos os cidadãos brasileiros e defenestremos todas formas de corrupção!

Quem viu a Constituição Federal sendo jogada no lixo, levante imediatamente de suas cadeiras e reanime o espírito democrático desse país, saliente a honra do brasileiro, retire a venda que esconde o rosto envergonhado da Deusa da Justiça para que todos sejam iguais perante a lei, e a cor branca seja símbolo de paz, e não dos colarinhos que emolduram aqueles senhores feudais. Que país é este, senhores?

Caso não queiram levantar a voz, sentem-se, e paguem seus impostos como um bom cidadão que o governo almeja. Meus caros, relembro Gonzaguinha, e relembro a vocês:

 É a gente não tem cara de panaca / a gente não tem jeito de babaca /
a gente não está com a bunda exposta na janela pra passar a mão nela.

Que daqui em diante toda lei seja interpretada a partir da nossa Constituição! E que cada decisão escolhida, cada rumo que iremos tomar seja em busca da felicidade, do bem-estar, do amor fraterno e da esperança de dias realmente justos.
Muito obrigado!

Leonardo Cunha Santa Brígida – 30/01/2013