terça-feira, 27 de novembro de 2012

Desigualdade.

Primeiro, a abordagem trazida pela Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (Decreto nº 65.810 - de 8 de dezembro de 1969):

1.  Nesta Convenção, a expressão "discriminação racial" significará qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tem por objetivo ou efeito anula ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano, (em igualdade de condição), de direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de sua vida. 

Em seguida, o significado apresentado por Flávia Piovesan (Direito Internacional dos Direitos Humanos e Igualdade Étnico-Racial. In: SOUZA, Douglas Martins de; PIOVESAN, Flávia. Ordem Jurídica e Igualdade Étnico-Racial. Brasília: SEPPIR, 2006, p. 32):

Vale dizer que a discriminação significa toda distinção, exclusão, restrição ou preterência que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o exercício, em igualdade de condições, dos direitos humanos e liberdades fundamentais, nos campos políticos, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo. Logo, a discriminação significa sempre desigualdade.

Logo, se estou sempre com amigos e quando falta luz pedem para eu sorrir para que possam me ver, ou quando visto uma blusa preta dizem que estou sem camisa, não vejo discriminação. Mas a partir do momento em que disserem que os indivíduos de pele escura não puderem mais rir junto aos brancos ou algum cidadão de pele clara tiver fila preferencial em bancos, escolas, farmácias, universidade, cargos públicos... aí sim, vou me sentir discriminado.

domingo, 25 de novembro de 2012

ENADE, a atualidade e o que não queremos.

Ainda não tenho muito conhecimento de causa para comentar sobre a prova do ENADE realizada neste domingo dia 25.11.12. Por enquanto, reúno apenas os aspectos negativos, tais como o horário de realização da prova (12:00h) totalmente desconfortável e o grande número de textos feitos para cansar o aluno (quais seriam os critérios a ser avaliados? Capacidade de leitura ou conhecimento específico? Não sei, então só levanto questionamento).

O que me chama a atenção, até por gostar da temática, é a constante menção nas últimas provas de concurso (ou no ENADE) sobre os temas que falam de Meio Ambiente, em especial ao Desenvolvimento Sustentável.

O assunto é recorrente plea importância midiática e pela própria conjectura globalizada que nos remete à preocupação com os recursos naturais.

O que faremos sem eles? 

Daremos aos nossos netos esse poder de decisão?

Com esse viés preocupante e alarmante, deparei-me com uma questão de conhecimentos gerais sobre Desenvolvimento Sustentável nesta prova do ENADE, com um espaço mínimo de 15 linhas (mais um aspecto negativo) para a resposta. Ainda assim, merece aplauso o Ministério da Educação por estimular o brasileiro a pensar de alguma forma sobre a proteção ao meio ambiente e ao desenvolvimento econômico (lembrando que o dever de casa não é atividade extracurricular dos cidadãos apenas, mas dos agentes político-administrativos, igualmente).

A outra questão na parte de conhecimentos gerais versa também sobre temas da atualidade, o que entendo como temeroso e angustiante. A proposta era falar sobre a violência atual, com especial atenção àquela cometida dentro das escolas. Que esteja na pauta da elaboração das políticas públicas! Entretanto, que não nos transforme em uma sociedade do medo.

Neste sentido, a semelhança entre as duas abordagens, é que tanto o Desenvolvimento Sustentável como a violência, em uma leitura rápida e superficial, nos caminham à aparente ideia de que há uma luta entre o bem e o mal. 

De qual lado você está?!

Pergunta direta, carregada de implicações sociais, políticas, econômicas, culturais...

Aproveito o ensejo para refletir sobre o tamanho dos muros que erguemos em nossas fortalezas, acompanhadas pelas cercas eletrificadas e câmeras de segurança com alta tecnologia. Será que adianta tanta proteção para nos prender em casa se a violência continua entrando pelas manchetes de jornais, pela televisão mentirosa e dissimuladora, pelo mau uso da internet...?

Espero que os próximos temas para serem refletidos em sala de aula tratem da inclusão do negro em condições de igualdade material, que incentivem a busca por tecnologias para facilitar o acesso dos deficientes físicos em qualquer esfera social, que aborde a capacidade - afetiva e responsável - que os homossexuais possuem em criar seus filhos... Enfim, que a violência seja discutida enquanto políticas públicas e não como o cenário montado para atuarmos no cotidiano.

sábado, 22 de setembro de 2012

As aparências [não] enganam!

Deu uma vontade sarcástica de rir das notícias de hoje. Até comecei a achar graça quando fui tolhido eticamente e vi que determinadas ironias podem ter um grau de preocupação social maior do que se imagina.

É pouco provável que alguém ainda não tenha escutado a música aversiva aos diabéticos ("agora fiquei doce, doce, doce...."), em que o cerne da evolução de vida do eu-lírico cantor é a aquisição de uma herança e na compra de um camaro amarelo. 

Essa imagem propagandeada pela mídia em geral, acaba influenciando essas novas duplas sertanejas, forrozeiras, pagodeiras, para adquirirem o imponente e caro veículo! Tudo como símbolo de status, poder econômico e domínio sobre o sexo oposto.

Não me interessa entrar no mérito da pobreza das rimas ou no gosto musical em si. O que me indago é sobre os reflexos sociais desse tipo de música. A música é um reflexo do comportamento ou é ela quem dita os novos meios de se ridicularizar em público? (desde logo, não considero o baixo nível de educação nacional um reflexo dos versos medíocres, pois o Brasil nunca ocupou o primeiro lugar em educação pública e ainda assim temos boas produções literárias, musicais, teatrais... Talvez a massificação midiática tenha mais parcela de culpa do que a educação em si mesma. Ou vão me dizer que os acadêmicos de qualquer curso superior estão ouvindo, vendo, produzindo apenas matérias eruditas?!)

Primeiro aspecto, dinheiro e bens materiais são associados como único meio de sucesso nas conquistas amorosas, sendo um cenário bem aceito por homens e mulheres.
Em seguida, ter tais bens caracteriza inclusive um poder para selecionar quem irá fazer parte do seu relacionamento noturno, uma vez que seu novo camaro atrai várias amizades, fazendo até sobrar mulher.

Logo, basta observar para perceber que seu colega de queixo erguido e chave do carro pendurada na cintura, não possui valores de respeito, de amor, de inteligência... porque se limita a ver qual amarelo que pinta o carro é mais parecido com ouro. 

Se você não é podre de rico, nem o Thor Batista para brincar de carro na vida real igual quando tinha 6 anos de idade, não pense que é fácil manter seu camaro! A irresponsabilidade continua e um dia a herança acaba...

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Só queria atravessar.

Cada vez mais, entre 06h e 05 da manhã, o trânsito consegue me aborrecer um pouquinho mais. Acredito que nem  Buda teria tanta paciência se dirigisse aqui em Belém.

Irei tentar ser pontual para não fazer desta postagem um tratado sobre atrocidades no trânsito, abordando, fundamentalmente, aspectos ignorados pela pouca atenção que se dedica a elementos FORMADORES do tráfego como um todo.

Primeiramente, pontos de táxi! Nada contra o trabalho digno desses profissionais! Fico p... é com o excesso de locais destinados para esse segmento do transporte urbano, que chegam muitas vezes a ocupar quarteirões inteiros! Vivemos em uma cidade mal planejada? Talvez... Mas não em uma cidade onde as pessoas não possam andar, não possam falar no telefone ou em um rádio para CHAMAR O TÁXI ATÉ O LOCAL ONDE SE ENCONTRA. Quer ver só um exemplo: aeroporto internacional de Belém! Os locais de embarque e desembarque estão ocupados por taxistas fazendo-nos parar em fila dupla na maioria dos casos (com os comparsas da CTBel de prontidão para nos apitar uma multa). Ora, bem em frente ao aeroporto há um imenso estacionamento e com áreas suficientes para abrigar os taxistas com conforto e segurança. Por que não colocar uns funcionários da associação/cooperativa nas portas do aeroporto perguntando quem quer táxi, e assim o acionavam pelo rádio. Simples e capaz de organizar o trânsito, servindo de modelo para outras áreas conturbadas da cidade.

Em seguida, fico preocupado com as faixas de pedestres sem semáforo! Já estamos adquirindo a educação para respeitar o pedestre, que também deve ter a consciência de não ficar parado na beira da rua sem fazer sinal indicativos de que irá atravessar. Até aí tudo bem... ocorre que não há como visualizar o transeunte pois as faixas de pedestres começam onde terminam os locais para os carros estacionarem (incluídos aí os mesmos pontos de táxi...). Exemplo: Trav. São Pedro, saída do shopping, recentemente instalado o sistema de binário. Da Alameda São Pedro existe uma faixa que permite atravessarmos em direção a uma outra loja em frente ao shopping. Todavia, para o motorista, só é visível o pedestre que sai do shopping para o outro lado da rua, uma vez que não há obstáculos visuais; o que não contempla os pedestres fazendo o sentindo inverso, pois só se consegue avistá-los quando já iniciaram a travessia, após se revelarem por detrás de um táxi. Bastava delimitar uma área maior entre a faixa e o primeiro carro estacionado antes dela...

Falando em shopping, será que só os guardas de trânsito dali não percebem que os caminhões estão carregando e descarregando a qualquer hora do dia, quando lhes é expressamente vedado, inclusive com placas orientando os horários mais adequados?!!!

Detalhes mínimos, sem custos elevados, basta consciência e boa vontade. Não precisa todo um BRasil de Trabalho!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Não! Pára!

Tentando entender os formatos das nuvens escutei na rádio a propaganda da mais nova cerveja (??) da marca Nova Schin, denominada "no Grau". Dizem por aí que é um investimento para competir com a aguada Brahma Fresh no comércio das regiões mais quentes do Brasil: norte, nordeste e centro-oeste.

Não me causou tanto espanto a ignorância dos sites de propaganda que anunciam como uma nova cerveja para "o Nordeste" (o que inclui do Acre à Paraíba!), mas fui pego pela musiquinha que embala a chamada para a compra do produto.

Também não é digna de ser reproduzida aqui.

Atentemo-nos, entretanto, à parte final da letra que declama: "a única com o ingrediente não pára, não pára, não pára...." e, logo em seguida, rapidamente, pois se o tempo se estender ficará mais cara a veiculação nos meios de informação, vem a recomendação: "Beba com moderação".

Caros publicitários, é pra beber sem parar ou não?

Esse ingrediente não deveria ser aceito pelos órgãos reguladores (de produção, de veiculação de mídias...) em razão do momento que vivemos e da intensa batalha pela redução de mortes no trânsito, causadas em sua grande maioria pela má combinação álcool e direção.

Portanto, publicitários, empresários: Não! Pára!

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Extra! Compre o medo e espalhe a violência.

Lembra quando os professores do ensino infantil perguntavam se líamos jornal em casa? 
Hoje, não incentivo ninguém a este tipo de leitura. 

Antes de parecer alienado ou preguiçoso, considero-me político. Não no sentido partidário, pois se assim fosse poderia muito bem optar por um dos dois melhores e maiores jornais da região norte. Mas de participar da vida de minha cidade e não de sua morte.

Manchetes diárias - e até no domingo, quando você leria o jornal em âmbito mais familiar - derramam sangue pelas páginas, fazendo os editores escorregarem os dedos nos teclados e produzirem os textos mais abominantes, em sentido e em gramática.

Como posso querer ler jornal se nem conjugação verbal está sendo aplicada? E ainda querem nos dar dicas de como passar no ENEM e outros concursos públicos...

Parece atrativo a desgraça alheia, a bala perdida encontrada por um desavisado, a separação, as notícias da Casa mais badalada do Brasil! Não, não! Nada de Casa Civil, é o BBB mesmo, com seus heróis e suas musas!

Não merece o meu respeito um jornaleco que manda um repórter perguntar como se sente um pai ao ter acabado de perder seu filho pelas mãos de um assaltante! Não merece ser lida uma notícia que lhe mostra o passo-a-passo - atualizado - de como se comportar em um sequestro! 

Quem criou essa mídia desconcertada? Os romanos distraíam sua população com espetáculos sangrentos, e fazemos o mesmo sem sentir o cheiro de carne podre, apenas a podridão dos editoriais.

Será que a imprensa só atua assim porque a população demanda? Ou a mídia nos mostra qual é a nossa necessidade?

Lendo um artigo (Democratização pelos "mass media"? - Airton Cerqueira-Leite Seelaender), encontrei respaldo para essas indagações: “Rebaixada ao nível de uma novela centrada em conflitos pessoais, a política adquire as feições de um espetáculo curioso, no qual o êxito dos atores depende sobretudo da qualidade de seu desempenho segundo os parâmetros televisivos – a imagem e o domínio da câmera tornam-se essencial. Não é por outra razão que se multiplica, hoje em dia, o número de líderes políticos egressos do cinema, a ponto de ex-atores se converterem em referência política na Índia e chegarem mesmo a ocupar cargos como a presidência dos Estados Unidos e o governo da Califórnia.”

Nem vou tão longe, para saber que "pior do que tá não fica".  Fica sim! Pois quando o indivíduo aceita com comodismo e descrença as atitudes públicas, perde seu caráter de civilidade, deixando de reclamar e tomar decisões que ordenem sua pólis! Sejamos cidadãos! Ou acreditamos na mídia, que nos chama de cidadãos pelo simples fato de portarmos uma certidão civil, mas não permite que sejamos ouvidos, nos engana com crueldade e nos fomenta o medo e a intolerância.

Ou podemos também acreditar em nós mesmos! E perceber que o inimigo não está por fora de nossas cercas elétricas e câmeras de segurança.... está bem próximo, em cima do sofá, esperando que você suje seus dedos com uma tinta coagulada.







terça-feira, 19 de junho de 2012

Mistura que eles gostam.

 Atualmente, o bombardeio de informações que nos chegam todo dia através das mais diversas mídias e meios de comunicação servem como um desafio de armazenamento ao nosso cérebro. Será que é possível aprender e guardar tudo o que se vê, ouve, critica? Será que é possível fazer pesquisas sem o infiltrado "Google"?

Nesse cenário, quase apocalíptico, observamos músicas chicletes (não simplesmente porque grudam, mas perdem a graça tão logo ficam sem açúcar) tocando na sua rádio favorita, no seu cd recém gravado, no pen drive do amigo, no carro ao seu lado no semáforo, e até no toca-disco de seu avô...

Não precisa estar tão doido quanto um bolo (?!) mas quando o som lhe tocar o tímpano, não esquecerás jamais! E logo, logo estarás batendo o pé num ritmo animado ou gritando aqueles versos de paixão [universitária]. 

Até gosto destas músicas. Um país erudito demais seria chato, e não poderíamos deixar a mente vagar em um mar sonoro (tchuuu...tchaaa....tchuuu....tchaaa...), como ondas que vão e vem, que trazem a renovação.
Tão pouco conheço o nível de escolaridade dessas novas duplas sertanejas perdidas na solidão após uma superação emocional de sua fase emo, em que se intitulam como se fossem pares para homenagear seus antecessores e galgar nos seus sucessos, mas apresentam-se isoladamente no palco (Luan e Santana; Michel e Teló;  Gustavo Lima e Você [!!!]).

Isso pode ser considerada uma consequência da globalização em que levou nesses últimos anos o sertanejo do interior para o Brasil e para o mundo. O mesmo fenômeno está acontecendo com o brega e seus consectários do Norte do país, que se espalham pelo Brasilzão de todos nós.

O que me incomoda mesmo é ouvir a voz de um cantor famoso (de forró, por exemplo) e não entender que ritmo é aquele, pois se parece muito com o pagode que acabou de tocar, ainda mais quando descubro que a música está sendo cantada por um sertanejo e por um baiano carregado de axé, com uma mandinga para se afixar no seu cérebro mais forte do que a reza contida nas músicas rebobinadas da Xuxa.

To indo porque 2012 tá aí e promete ser cúmplice dos maias... aguardem o espetacular Show do Rei no final do ano, com essas novas revelações da música brasileira cantando as paixões de seus pais e avós.


sexta-feira, 8 de junho de 2012

Papos de rua

Estava de carro e ouvi duas funcionárias de um supermercado, ainda uniformizadas, conversando em alto e revoltado tom enquanto iam de bicicleta se arriscando no trânsito:

- E ele ainda quer que eu trabalhe de Hora Extra pra ele?! Vá se pra p....!!

Logo, refleti alguns aspectos desse pensamento da seguinte maneira: [1] "A hora extra é conceituada como o trabalho realizado em sobretempo à jornada normal do empregado, seja ela legal ou convencional. (...) Há quem a veja como "sobrecarga à hora normal", como um sobressalário ou, ainda, como um instituo híbrido, isto é, a parte alusiva à hora normal tem feição salarial, mas o adicional possui natureza indenizatória. A tese que prevalece atribui às horas extras a natureza de salário."; [2] "A obrigação de trabalhar assumida pelo empregado ao celebrar o contrato vem acompanhada do dever de obediência às instruções do empregador, o qual é uma característica manifesta da subordinação jurídica do empregado".; [3] São deveres do empregado: obediência às ordens lícitas, diligência, quando se executa as atividades com zelo, e de fidelidade, envolvendo o aspecto ético.

E continuei pensando... se a Hora Extra a que estaria submetida aquela trabalhadora lhe será paga, ela está trabalhando para uma empresa e ao mesmo tempo terá um acréscimo em seu salário. Isso, em tese, traz benefício para ambas as partes no modo capitalista e de mercado vigente.

Por outro lado, se suas Horas Extras não são pagas, a Justiça Trabalhista deve ser acionada para resolver tais conflitos, afim de que o empresário não enriqueça de forma unilateral.

Além disso, as práticas de usura das grandes empresas além de trazerem danos ao empregador, trazem mazelas à toda coletividade, enquanto consumidores, pois quando você chega ao caixa de supermercado (por exemplo) suas compras e sua presença são repugnáveis, desprezíveis, aos olhos baixos e bocas tortas dos atendentes.

Ora, um bom atendimento é direito de todo cidadão. Aqui é um mero exemplo da cadeia de relações com causa e efeito de uma outra conduta.

Assim: empresário quer ficar rico --> coloca poucos trabalhadores em operação e os sobrecarrega --> trabalhadores insatisfeitos, atendimento de péssima qualidade --> cliente insatisfeito.

Reconheço que dessas relações jurídicas, comerciais, muitas considerações ainda podem ser feitas, mas por enquanto fico refletindo sobre as Horas Extras e a insatisfação da trabalhadora que chega até mim pela resposta silenciada ao meu "bom dia" ou pelo resmungo inaudível e observado pelo canto retorcido da boca. 

Talvez um dia sejamos bem atendidos pelas grandes empresas...

Nota: os trechos [1], [2] e [3] foram extraídos de: BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 2011. 7ª ed. páginas, 483, 525 e 487, respectivamente.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Coleta Seletiva e novas práticas.

Tenho uma ideia simples de que podemos fazer muito no e pelo local onde vivemos, sem precisar de profundos investimentos e mexer com as finanças públicas. Basta uma vontade ética um pouco maior da que existe hoje e um pouco menos de burocracia para que a qualidade de vida não seja a musa inalcançável, mas pode ser o político que aperta nosso bolso nossa mão.
Vamos ao primeiro pensamento: a publicidade contratada pela Administração Pública é uma das maneiras mais discretas de usarem nosso dinheiro sem que levantem questionamentos de improbidade, basta não vacilar nos procedimentos licitatórios. Nesse aspecto, já tem algum tempo que circula pelas ruas da nossa cidade alguns caminhões, carrinhos, com logomarcas enormes de "Coleta Seletiva" ou "Coleta Seletiva de Entulho". Quanto terá sido esse vultuosos investimento para mostrar que onde há dinheiro há muita gente sendo paga? Ops, desculpem, qual terá sido o valor dessa publicidade para mostrar que onde há trabalho, tem homens trabalhando?
Tenho medo de que o Real - muito utópico, ultimamente - não esteja circulando por boas praças.
Entretanto, sabemos que o serviço deve ser feito e quem sabe não esteja, em suas finalidades, beneficiando cooperativas de catadores de lixo, ajudando pessoas que dependem da reciclagem do lixo! Qual o problema nisso?
Nenhum! Mas sabe o que penso? Em educação e unir o útil ao agradável, sem prejudicar o serviço de ninguém. Esse mesmo caminhão que circula por aí mostrando que a prefeitura trabalha, poderia mostrar o que é a coleta seletiva em seus adesivos; poderia mostrar à população como separar seu lixo, identificando o material a ser reciclado pelas cores.
Pronto! Surgiu uma ideia sem prejudicar ninguém e ainda ajudando na educação em um nível bem básico, mas carente por aqui. Tens alguma ideia também?


terça-feira, 29 de maio de 2012

A hipocrisia carnavalesca.

Não sou contra o carnaval. De jeito nenhum. A batucada afro corre no pulsar dos meus sangues, e por isso sou brasileiro. O termo 'carnavalesco' serve para demonstrar o que penso sobre determinadas manifestações.
Olhe só para suas praias e vejam o tamanho dos biquínis usados pelas mulheres e como houve mudança ao longo dos anos. Que se diminua ao máximo (ou mínimo?!) possível, mas não o tire!

Deus livre esse povo pecador de fazer um bronzeado sem as partes de cima da roupa de banho, seria um atentado à moral social. Entretanto, em fevereiro, desfilar com os egos turbinados, mostrar a assinatura de cirurgiões plásticos, é permitido. Os vizinhos preocupados com a moral coletiva não vão reclamar. Ou seja, topless tem endereço, lá pela Sapucaí.

Pois bem, feita essa ilustração passemos adiante.

Recentemente,uma figura tão antiga na popularidade global quanto o carnaval declarou ter sofrido abuso sexual . Logo após, surgiram diversas manifestações ao redor do país favoráveis à Xuxa e com o mesmo tom de coragem! Um tabu foi rompido por uma formadora de opinião, e diversos segmentos sociais compartilharam desse sentimento em uma nítida demonstração de solidariedade. Hoje, o tema será abordado pelo programa "Profissão Repórter", amanhã por alguma revista... em breve, mudanças na legislação e na resolução desses casos trágicos pelo Poder Público.

Não é legal romper padrões machistas, feministas, ultrapassados? Imaginem agora se o rei nacional se declarar deficiente físico o quanto não poderíamos evoluir no pensamento, no tratamento e no incentivo às políticas públicas em relação a deficientes físicos.

Pensem como mudaria o tratamento aos portadores de síndrome de down - ou qualquer síndrome -  se a mídia mostrasse que os famosos necessitam de condições adequadas para a digna qualidade de vida de seus pupilos.

E por aí vai com o trabalho escravo, a exploração infantil, a impunidade aos riquinhos, com a carteira de motorista do Thor...

Talvez mudemos alguma coisa quando mostrarmos mais a bunda e dermos a cara à tapa, e não o contrário.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Um texto de 21/04/2008 quando estava nas minhas aulas de Redação, preparando-me para o vestibular. Boa leitura.


Português para o Brasil

            Sempre me relacionei bem com o povo e a comunidade do bairro onde moro. Meu linguajar simples, do dia-a-dia, permitia-me ter acesso aos bandidos, aos viciados e às donas-de-casa para conversar e tentar resolver seus problemas. Minha popularidade era enorme, e isso foi importante para que eu fosse eleito o “Vereador do povão”! Ainda não sei o que me elevou a tal patamar sócio-político: se o meu desprezo pelo plural (“Os político deve atender nossas exigência!”) ou  o meu neologismo interiorano (“As táuba daqui tão tudo chechelenta”).
            Agora, eu freqüentava um meio social mais elevado, cultural e economicamente, e precisava estar ali para defender os interesses dos meus eleitores. Abandonei a bermuda e o chinelo para vestir paletó e gravata, no entanto, minha rudez oral continuou a mesma. Precisava mudar, também, a roupagem do meu falar para acabar com o preconceito que girava ao meu redor e ter mais acesso à sala do governador para defender meus projetos.
            Matriculei-me em cursos de língua portuguesa, comprei livros e passei a estudar durante o dia, a tarde e à noite. Faltava um mês para a reunião e eu já me sentia orgulhoso por saber elaborar uma carta e usar em todas as minhas falas o “Vossa Excelência”!
            O “dia D” chegou e fui atendido no gabinete governamental por um assessor impaciente, que me recomendou ao Presidente da República. Meu problema era de nível nacional... eu estava lisonjeado!
            Estudei a Constituição, aprendi a conjugar os verbos e como escrever uma oração adverbial causal reduzida de gerúndio. O presidente também iria ter uma surpresa com o rebuscamento na linguagem de um simples caboclo do norte do país. Com o Aurélio embaixo do braço e o Armani sobre meus ombros, parti para Brasília em um aterrorizante pássaro voador feito de metal.
            Chegando ao Congresso Nacional, onde iria ser atendido, deparei-me com camisas desabotoadas, sapatos sujos e cuecas rasgadas trajando os trabalhadores daquele local que não usavam telefones para a comunicação interna, mas palavras de baixo calão pronunciadas aos berros pelos salões. Foi um susto, mas meu objetivo era o encontro com o sábio Chefe de Estado.
            Piscava no painel eletrônico – a forma mais civilizada de comunicação ali dentro – a senha 225. Minha vez! Entrei naquele majestoso gabinete onde havia no mínimo dez pessoas e lixeiras de luxo, porém meu olhar fixou-se naquele homem barbudo, com resquícios sutis de um líder sindical, para quem fui apresentar-me, de modo pomposo, e mostrar-lhe meu valoroso projeto estadual de educação primária.
            - Te senta aí rapaz. O que é essas coisas que tu traz aí? – indagou-me, naturalmente, o presidente.
            Fiquei abismado! Onde estava o plural? Por onde andava a concordância? E a ética, será que alguém viu? Parece-me que a língua portuguesa, assim como a ética, abandonou estes lugares... Mas se o povo gosta que falemos “ansim”, vamos continuar ganhando seus votos!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

NO CAMINHO, COM MAIAKÓVSKI


Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakósvki.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz:
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas no tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares,
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo.
Por temor, aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!

EDUARDO ALVES DA COSTA
Niterói, RJ, 1936

Nota: Poema publicado no livro 'Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século', organizado por José Nêumanne Pinto, pag. 218.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O que deixamos.

Nesta primeira descrição de "Quem sou eu" esboço uma inquietude que me surge esses tempos. Detalho.
O egoísmo está em nossas entranhas, assim como a raiva, aquela vontade de matar alguém, o espírito competitivo, e estes são alguns elementos evolutivos que nos permitiram chegar onde estamos [?]. Por outro lado, temos também o amor e a esperança. Alguns escolhem o primeiro caminho, outros o segundo. É uma questão de deixar manifestar, mas todos somos bons e maus em nós mesmos. Às vezes melhor, às vezes pior...
Pois bem, o pensamento individualista me leva a crer que a vida ideal seria um mundo só meu, onde iria fazer tudo sem o habitual medo da sanção ou arrependimento. Todos querem esse tipo de posse, mas ninguém quer arcar com a solidão e a angústia de não poder culpar o próximo. Por isso, temos que saber lidar com a vida em sociedade.
Sociedade de quem? Tirania tá fora de moda. Democracia nem é tão boa assim, mas é o que a gente tem. [sobre conformismo, posteriormente]
E o que vamos deixar para os nossos filhos? O que vamos deixar para as gerações futuras?
Sonhos? Desejos de uma época que não volta? Ou vamos entregá-los frutas, animais, transporte público de qualidade, saúde, dignidade? Eu, já plantei a semente e estou regando com todos os cuidados possíveis. E seus filhos, brincarão nessa árvore ou serão sisudos como o mundo em que habitas?

Inaugurando

Um texto que enviei ao Diário do Pará certa vez:

Bela Cidade das Mangueiras. Tua referência nacional não transmite mais o sentimento de bucolismo, de ar puro como teus nostálgicos habitantes gostariam que fosse. Tão pouco mostras que não és mais detentora de frondosas árvores. Mas começas a dar passos retrógados e o cenário naturalístico é sinal de selvageria. Fato comprovado pela parcela da população “to nem aí” no que tange ao moralmente aceitável, ao socialmente esperado, ao ambientalmente sustentável. O pior nesse estágio de selvageria são os governantes que permitem nossa condição de sobreviventes ao invés de cidadãos de uma capital amazônica, construindo obras sem nenhum planejamento público, inserindo infra-estrutura nova em plena época do Círio, em que a cidade está abarrotada de turistas, que encontram o cenário caótico – agora agravado – do trânsito, da insegurança que somos obrigados a encarar diariamente. Perguntaria por quais ruas andariam nossos políticos, mas não acredito que eles estejam com os pés tão firmes na terra. Suas idéias e ações devem estar plainando em um espaço muito além da dura realidade.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Vamos chegando.


Já faz algum tempo que venho pensando em criar um espaço para dividir algumas ideias humildes que me surgem. Mas faltava alguma coisa, não sei se senso crítico para sustentar o material que irá ser publicado ou coragem de expor minha opinião ao mundo.
Consegui então estabelecer alguns parâmetros para a criação do blog: exposição de assuntos diversos com a base constitucional da liberdade de expressão e de opinião; acrescentar ao mundo virtual as informações que eu achar útil; buscar, por meio do debate com as pessoas inteligentes que irão acessar o blog, a consolidação de teses coesas e ricas de fundamentação..
Para tanto, serão abordados temas políticos, atualidades, notícias de jornais, humor a vontade, e tudo o mais que um espaço democrático nos permita comentar.
Entendeu? Um espaço democrático que não aceita de tudo, mas somente o melhor das opiniões e do que possa ser válido segundo valores éticos, de boa educação e boa convivência. Logo, este não é um espaço livre para colocar palavras que seus dedos mal educados possam formar.
O Democracia Pessoal só tem resultado se eu respeitar o seu espaço e você respeitar o meu. Lembre-se que a pessoalidade do blog é minha, logo, não são bem-vindos desde logo a falta de educação, a baixaria, o preconceito, o fanatismo, o mau-humor...
Assim, fique a vontade e mostre que nessa minha tentativa de construir um espaço adequado e confortável de convivência, você também é parte fundamental!