terça-feira, 29 de maio de 2012

A hipocrisia carnavalesca.

Não sou contra o carnaval. De jeito nenhum. A batucada afro corre no pulsar dos meus sangues, e por isso sou brasileiro. O termo 'carnavalesco' serve para demonstrar o que penso sobre determinadas manifestações.
Olhe só para suas praias e vejam o tamanho dos biquínis usados pelas mulheres e como houve mudança ao longo dos anos. Que se diminua ao máximo (ou mínimo?!) possível, mas não o tire!

Deus livre esse povo pecador de fazer um bronzeado sem as partes de cima da roupa de banho, seria um atentado à moral social. Entretanto, em fevereiro, desfilar com os egos turbinados, mostrar a assinatura de cirurgiões plásticos, é permitido. Os vizinhos preocupados com a moral coletiva não vão reclamar. Ou seja, topless tem endereço, lá pela Sapucaí.

Pois bem, feita essa ilustração passemos adiante.

Recentemente,uma figura tão antiga na popularidade global quanto o carnaval declarou ter sofrido abuso sexual . Logo após, surgiram diversas manifestações ao redor do país favoráveis à Xuxa e com o mesmo tom de coragem! Um tabu foi rompido por uma formadora de opinião, e diversos segmentos sociais compartilharam desse sentimento em uma nítida demonstração de solidariedade. Hoje, o tema será abordado pelo programa "Profissão Repórter", amanhã por alguma revista... em breve, mudanças na legislação e na resolução desses casos trágicos pelo Poder Público.

Não é legal romper padrões machistas, feministas, ultrapassados? Imaginem agora se o rei nacional se declarar deficiente físico o quanto não poderíamos evoluir no pensamento, no tratamento e no incentivo às políticas públicas em relação a deficientes físicos.

Pensem como mudaria o tratamento aos portadores de síndrome de down - ou qualquer síndrome -  se a mídia mostrasse que os famosos necessitam de condições adequadas para a digna qualidade de vida de seus pupilos.

E por aí vai com o trabalho escravo, a exploração infantil, a impunidade aos riquinhos, com a carteira de motorista do Thor...

Talvez mudemos alguma coisa quando mostrarmos mais a bunda e dermos a cara à tapa, e não o contrário.

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